“Quem escreve não escreve no vazio, pois um texto não surge do nada. Pode-se dizer que escrever é a habilidade de aproveitar criticamente, criativamente outros materiais interdiscursivos, outros textos. É por isso que quem lê está em situação privilegiada para escrever, uma vez que se apropria, mediante a leitura, de idéias e de recursos de expressão”. (Guia de Produção Textual)
O poema de Camões data do século XVI e compõe a vasta gama de produção do período do Classicismo. O poeta viveu experiências que formaram o “seu dramático mundo inconfundível” segundo Geraldo Mello Mourão. Dessa forma, sua expressão foi afinada por uma realidade trágica. O soneto foi produzido em uma época que ainda sofria resquício cultural da Idade Média, principalmente no tocante ao fato de que
“A literatura ainda era vista como um importante instrumento de formação moral dos homens nobres: tinha, portanto, caráter moralizante e aristocrático”. (Ulisses Infante)
Ele tenta, em vão, conceituar o Amor; mas só consegue demonstrar que qualquer tentativa semelhante, ao final, levará ao ponto de partida. Em Camões, o amor sempre é propositadamente contraditório, pois o poeta quer mostrar que é desse paradoxo que se origina a sua grandeza para dominar, de forma delicada e imbatível, a vida do ser humano, ser tão complexo em seus sentimentos. O tratamento dado ao tema no soneto é visivelmente ligado ao sentimento humano entre um homem e uma mulher, o amor romântico, seja ele correspondido ou não. O amor Eros está sempre ligado à falta, ao sofrimento, uma vez que um amante nunca está saciado do outro. Assim, a mensagem enfatiza que, embora haja sofrimento no amor, ele sempre é, contraditoriamente, acompanhado pela amizade e toda sensação causada por ele, aprazível ou não, é nobre e enobrece o ser que ama.
A intertextualidade pressupõe um universo histórico-social e cultural muito amplo, pois, além de exigir do leitor a capacidade de compreender a função da alusão a outros textos, pressupõe a identificação das referências, o conhecimento de mundo, que deve ser comum ao produtor e ao receptor do texto e o reconhecimento de remissões a obras e acontecimentos gerais.
O papel da intertextualidade para a concretização dos objetivos e intenções do produtor do texto, e para o reconhecimento do leitor desse fator de textualidade, na construção do(s) sentido(s) do texto.
Referências bibliográficas :
CAMÕES, Luís Vaz de. Poesia Lírica. Ulisséia. 1988, 2ª ed.
INFANTE. Ulisses. Curso de Literatura Portuguesa: São Paulo: Scipione, 2001.
PUCRS – Guia de Produção Textual. Como realizar a Intertextualidade. Retirado dehttp://www.pucrs.br/gpt/intertextualidade.php em 17 de abril de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário